De chocolate, da galinha, pintados ou cobertos de açúcar, não há maior símbolo da Páscoa do que o ovo. Segundo vários historiadores, a tradição terá nascido muito antes do Cristianismo. A Páscoa apareceu como uma festa pagã, no hemisfério Norte, criada para celebrar a chegada da Primavera, quando a época do frio e das chuvas terminava e os campos agrícolas voltavam a florir. Era a época da renovação e do renascimento das colheitas.
Foi nesse contexto que o ovo terá surgido como o símbolo máximo desse renascimento, da nova vida e do rejuvenescimento. Segundo Sam Bilton, um historiador britânico especialista em comida, os ovos começaram por ser oferecidos nas festas de exaltação da Primavera desde muito cedo.
Por exemplo, no Antigo Egipto o ovo era um símbolo do Sol, para os hindus tinha a forma do universo. Já na Antiga Pérsia há registos de ovos pintados nas festas da Primavera.
É também muito antes do Cristianismo que o coelho surge associado à época. A relação mais antiga tem a ver com Eostre, a Deusa anglo-saxónica da Renovação e do Equinócio da Primavera que tinha como animal simbólico um coelho. Durante milhares de anos, o coelho foi um símbolo de fertilidade, boa sorte e abundância.
É ainda desta época que vem a associação entre os coelhos e os ovos. Segundo a lenda mitológica, Eostre terá curado um pássaro ferido transformando-o numa lebre. Como recompensa, a lebre respondeu à Deusa da Primavera pondo ovos como forma de gratidão.
Com o advento do Cristianismo, a tradição de celebrar o renascimento durante a Páscoa só se acentuou. Na Mesopotâmia, por exemplo, os ovos eram tingidos de encarnado para simbolizar o sangue de Jesus, sendo por isso uma prática mais habitual no leste, em especial nos países ortodoxos. Mais tarde, o ovo tornou-se um dos alimentos proibidos durante o jejum da Quaresma e por isso um dos mais utilizados no Domingo de Páscoa. É não só por isso que o ovo é oferecido às crianças no dia do Renascimento de Cristo, mas também por isso que o ovo surge no topo de várias receitas típicas, como tradicional o folar da Páscoa, onde é colocado no centro do bolo por baixo de uma cruz de Cristo feita com dois fios de massa.
Para acompanhar todos os bolos que recorrem aos ovos nesta época, o prato principal típico da Páscoa é outro símbolo da ressurreição: o borrego, também conhecido como cordeiro, tal como Jesus ficou conhecido como o Cordeiro de Deus. O início da Primavera marca, no Sul da Europa, a entrada dos primeiros borregos nos mercados. E são esses borregos, muito pequenos, que são usados à mesa na Páscoa. Nós cá em casa, vamos seguir a tradição à risca: desde o ovo cozido no centro do folar até ao borrego ensopado naquele molho divinal.
Uma óptima Páscoa para si onde quer que a tradição esteja,
Ele
fotos: monika grabkowska e gary bendig / unsplash; d.r.
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