um fim de semana num hotel de charme no centro de arraiolos
Depois das Casas Caiadas Boutique Home, o casal Paula e Mário abriu as portas da Open House, no centro de Arraiolos. É quase um refúgio urbano em pleno Alentejo, talvez por isso tenha ainda mais charme. Paula e Mário conheceram-se em Lisboa. Depois de uma carreira na área do Marketing, onde desenvolveram uma enorme paixão pela estética, dedicaram-se a reconstruir pequenas casas no Alentejo. E com um bom gosto irrepreensível.
Numa parceria com o arquiteto Luís Pereira Miguel, ergueram primeiro as incríveis Casas Caiadas, um refúgio claramente rural, perto do Sabugueiro, e agora, cinco anos depois, a Open House, numa antiga hospedaria e pastelaria (onde, curiosamente, nasceu o famoso pastel de toucinho da região) mesmo no centro de Arraiolos. Hoje é uma casa com três andares, entre duas ruas pedonais, com várias salas, três quartos, uma suite e um rooftop com piscina.
O hotel
Quando o seu GPS disser naquele tom irritante “Chegou ao seu destino”, não acredite. O GPS levou-nos até à rua mais próxima do hotel. Claro que não encontrávamos o nosso destino em lado nenhum. Ainda tentei procurar a Open House a pé, mas em vão. Decidi ligar para o número que estava no site e atendeu-me um dos donos, Mário.
Confesso que a primeira impressão não foi a melhor. Quando lhe perguntei, meio perdida, onde ficava o hotel, lá me explicou onde ficava a Open House das Casas Caiadas mas ligeiramente maçado com a minha desorientação, como se eu tivesse obrigação de adivinhar que o GPS não nos manda para a porta do hotel.
Quando finalmente descobrimos a porta principal, veio receber-nos, já de sorriso na cara, e tratou-nos como se fôssemos velhos conhecidos. Sabe aquele ar meio cúmplice, meio gingão, tipo “don't worry, be happy”? É o estilo do Mário. Desenvolto e demasiado à vontade, partilhou connosco a sua forma peculiar de lidar com a pandemia. Disse que ainda não estava vacinado porque “não me apetece ser vacinado", mas "quando me apetecer vou, agora não me apetece". Nada contra, cada um sabe de si.
Agora, o problema é que Mário também tem uma clara aversão a máscaras. Recebeu-nos de cara destapada e, quando percebeu que nós continuávamos de máscara, lá foi buscar uma (ligeiramente contrariado) que colocou apressadamente no… queixo. Mais uma vez, cada um sabe de si, mas se estamos a receber alguém em nossa casa, temos de ter a preocupação de deixar as pessoas confortáveis. E há pessoas, neste caso hóspedes, que temem pela saúde e preocupam-se de facto com a pandemia. O meu querido e hipocondríaco Marido Mistério estava em transe, a suster a respiração com pânico de apanhar Covid.
Foi com a mesma descontração e evidente orgulho que Mário nos mostrou os cantos à casa. Fez-nos uma visita guiada pelos espaços comuns: a sala, que tem cinco recantos diferentes (duas salas de estar e três zonas com mesas para as refeições). Por aqui impera a simplicidade e o bom gosto. Os tons neutros, sobretudo o branco, e as madeiras claras conjugam na perfeição com peças antigas e de design.
A cozinha é um sonho. Com bancadas de madeira tosca e peças de decoração a fazer lembrar as cozinhas do tempo das nossas avós e bisavós, como as latas para guardar o arroz, o feijão ou o grão, por exemplo, ou uma balança antiga como havia nas mercearias do século passado, enfim, tudo aqui é simples, giro e original.
Percebe-se que Mário gosta de ver a nossa reação à medida que vamos descobrindo cada canto da casa. É natural. Tem orgulho no que construiu com a mulher. Eu também teria. Fez questão de nos explicar que a cozinha é de todos e que podemos ter uma prateleira só nossa no frigorífico. Se quisermos fazer as nossas próprias refeições, estamos à vontade.
O nosso quarto
Seguimos até ao segundo andar, para ver o nosso quarto, que adorei. Tal como os restantes, era clean, minimalista, cheio de luz e muito giro. O branco também está em todo o lado: nas paredes, nos lençóis, nas almofadas e nos édredons imaculados. O chão, tal como no resto da casa, é de microcimento, e as mesinhas de cabeceira e as prateleiras de madeira natural.
A cama e os lençóis são confortáveis mas as almofadas nem por isso: são demasiado altas e pouco fofinhas. A casa de banho é uma continuação dos quartos: nos mesmos tons, com detalhes em madeira e chão em micro cimento, também é minimalista, toda ela branca, prática e com bons acabamentos. As amenities são Castelbel.
O rooftop
Subimos até ao terceiro e último andar para ver o melhor da Open House: o rooftop com uma pequena piscina, excelente música ambiente e uma vista deslumbrante para o castelo de Arraiolos. Foi o nosso spot preferido. Ficámos horas aqui a apanhar sol e a ler, enquanto nos distraíamos com as conversas nas ruas de Arraiolos, que se ouvem em pano de fundo, e bebíamos um copo de vinho.
Uma das salas do primeiro andar tinha um honesty bar com vinho, whisky, gin e aguardente velha. Mas infelizmente não havia nem água tónica nem gelo, por isso, o meu querido Marido Mistério não conseguiu fazer o seu gin da praxe. Como é um homem previdente, foi logo encher as couvettes de gelo que estavam vazias no frigorífico.
O pequeno-almoço
O pequeno-almoço é servido nas mesas das salas de refeições no primeiro andar. É simples mas muito saboroso. Quando descemos tínhamos à nossa espera um delicioso pão alentejano e pães de leite, queijo e fiambre, um prato de fruta fresca, um singelo queijo fresco (neste caso bem que podiam ser dois), uma garrafa com sumo de laranja fresco, iogurtes naturais ou com aromas e granola caseira sem glúten, sementes de girassol, mel, manteiga e uma compota, café, chá e leite.
Obviamente que, num boutique hotel pequeno e com um ambiente caseiro como este, não podemos exigir panquecas ou ovos, mas confesso que senti falta de um bolinho caseiro para os hóspedes terminarem o pequeno-almoço em beleza ou irem petiscando ao longo do dia.
No segundo dia, fomos brindados com uma surpresa. A simpática funcionária que nos serviu no primeiro dia surgiu da cozinha com um sorriso rasgado e perguntou-nos:
- Querem ovos?
Foi música para os meus ouvidos. Cozinhou uns deliciosos e molhadinhos ovos mexidos. Provavelmente acabaram-se os ovos no primeiro dia. Aliás, a funcionária que tratava dos pequenos-almoços e da limpeza tinha um sorriso rasgado e adorava uma boa conversa. Ao contrário do dono, sempre que se aproximava dos clientes colocava a máscara.
As atividades
Vale a pena perder-se nas ruas e ruelas de Arraiolos, nas lojas que vendem os famosos tapetes da região, visitar o castelo, a igreja da Misericórdia, que é linda de morrer, e o centro interpretativo do tapete de Arraiolos. A Open House recomenda bons restaurantes, já que não serve refeições. Mesmo ali ao virar da esquina, encontra A República do Petisco, onde nos deliciámos com várias entradas de queijo e presunto, com umas deliciosas migas e uns secretos de porco. E jantámos no excelente e famoso Alpendre. Vale mesmo a pena uma visita. A comida é excelente e o serviço super simpático. O meu querido Marido Mistério fará a devida crítica num próximo post.
Não deixe de provar um pastel de toucinho, no Toucinho, mesmo ao lado do hotel. O meu querido Marido Mistério ficou fã.
O bom
Os quartos
O ótimo
A decoração do hotel e o rooftop
O mau
A máscara no queixo
Um bom passeio, onde quer que a máscara do Mário esteja,
Ela
fotos: casal mistério e d.r.
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