passámos uma noite num dos barris de luxo da quinta da pacheca, que já reabriu com o selo “clean&safe”
Desde que a Quinta da Pacheca inaugurou as suas suites Wine Barrels que estava doida para experimentar. Achei a ideia muito gira e uma experiência original. Já conhecíamos a quinta, já tínhamos feito ali uma prova de vinhos e chegámos a experimentar o ótimo restaurante quando andámos a explorar o Douro. Mas nunca tínhamos dormido ali, e os Wine Barrels foram o pretexto que precisava para conseguir convencer o meu querido Marido Mistério.
Claro que não foi preciso muito para o convencer porque Ele adora os vinhos da Quinta da Pacheca e, se passar aqui uma noite, tem uma prova de vinhos incluída. E só isso já é suficiente para fazer o meu querido Marido Mistério saltar de felicidade. Alguém me explica como se faz aquele Branco Grande Reserva? É de loucos. Fiquei fã.
A Quinta da Pacheca
Chegámos ao fim da tarde, ainda antes de imaginarmos que iríamos mergulhar num filme de ficção científica e ficar dois meses trancados em casa por causa da pandemia, e dirigimo-nos à receção da quinta, que se situa na sala do edifício principal.
Esta sala tem uma lareira deslumbrante que teve logo um efeito de íman sobre o meu querido Marido Mistério. E enquanto eu estava a fazer o check in, Ele aproximou-se discretamente da lareira, só para poder acrescentar mais um tronco à já imponentes labaredas. É mais forte do que Ele. Acha sempre que todas as lareiras precisam de um pequeno toque, de um ajuste, de uma achega. Enfim. Revirei os olhos e concentrei-me na simpática funcionária que nos recebeu e que me explicava os horários do pequeno-almoço e do restaurante.
Fez questão de nos levar num jipe até aos Wine Barrels, apesar de ser um caminho que se percorre em 5 ou 10 minutos a pé. Como estávamos com as malas, aceitámos a boleia de bom grado. E lá fomos até ao nosso barril, guiados pela funcionária que nos explicava com orgulho que, depois das suites em forma de barricas de vinho, já estavam a construir uma nova ala com mais 24 quartos e um SPA com piscina interior, prolongando o edifício original da quinta com uma estrutura moderna que encaixa na perfeição com a fachada principal.
Os Wine Barrels
São 10 ao todo, 5 de cada lado, com uma vista deslumbrante para a vinha. O projeto arquitetónico é muito giro e original, e como estão afastados do edifício principal, parece que estamos isolados do mundo, rodeados de vinha, de paz e de silêncio. Foi neste cenário rural mas idílico e romântico, que descobrimos o luxo e o conforto do interior dos gigantescos barris onde iríamos dormir.
O espaço é pequeno mas dá perfeitamente para um casal passar uma ou duas noites. Quando entrámos, a primeira coisa que me chamou a atenção foi a gigantesca porta de vidro em frente, com vista para as vinhas. A sensação que dá é que estamos no meio delas. A segunda coisa que me chamou a atenção foi a cama.
É redonda. OK, acredito que seja apropriada para se colocar num barril cujas linhas, também elas, são todas redondas. Mas, peço desculpa, fez-me logo lembrar um motel. Chamem-me preconceituosa, mas, para mim, camas redondas são sinónimo de motel. Não faz mal nenhum, até acho graça, é uma experiência diferente, sendo que a qualidade dos lençóis e das almofadas aqui não tem nada a ver com a dos motéis. Ainda, por cima, é uma excelente aliada para apimentar a sua relação. Só não estava à espera.
O meu querido Marido Mistério foi direto à mesa do canto direito perto da gigantesca porta de vidro só porque lhe cheirou (parece um cão pisteiro, irra!) ao longe a uma garrafa de vinho do Porto Tawney, cortesia da casa. Já eu estava a explorar a casa de banho, muitíssimo bem escondida e aproveitada no espaço anterior à cama, do lado esquerdo de quem entra pela porta da rua: um lavatório à vista e as duas zonas mais privadas (retrete e duche) mais escondidas. Todas as divisórias são boas, bem decoradas e espaçosas.
As suites têm ar condicionado e um terraço privado muitíssimo agradável, de frente para os 75 hectares de vinha.
O restaurante
Já tínhamos vindo aqui almoçar uma vez e nunca me esqueci da cor verde das paredes, da enorme janela de vidro com vista para as vinhas e do armário de madeira escura com a louça Bordalo Pinheiro em exposição.
O restaurante da Quinta da Pacheca tem uma cozinha de autor à base de ingredientes locais. Os pratos típicos da região são reinventados de uma forma original e contemporânea pelo chef Carlos Pires, acompanhados dos magníficos vinhos da casa.
Eu deliciei-me com um tataki de atum numa vã tentativa de fazer dieta (depois de partilhar uma açorda de bacalhau de entrada), o meu querido Marido Mistério encheu-me de inveja com um incrível polvo à lagareiro. Conseguimos resistir a uma perna de cabrito e a uma posta mirandesa, entre outras tentações. Mas confesso que o que não me sai da memória até hoje foi aquele Branco Grande Reserva. Que maravilha de vinho. Já o meu querido Marido Mistério é fã dos tintos e do vinho do Porto Vintage.
No dia seguinte, o pequeno-almoço foi servido no mesmo restaurante, no edifício principal, em buffet, e teve tudo a que temos direito: pão fresco, panquecas e crepes, compotas, bolos, miniaturas e fruta variada. Tem ovos mexidos, cereais, iogurte, frutos secos, salmão fumado, enfim. O buffet é bom, requintado, com direito ao espumante da casa, mas não é do outro mundo. Cumpre as expetativas para um hotel de luxo.
A Quinta da Pacheca reabriu a 18 de maio já com o selo “Safe & Clean”. Para já, abriu apenas a 50 por cento da sua capacidade e garante a distância segura de dois metros entre as mesas do restaurante. Os funcionários recebem os clientes com a devida máscara e tem gel desinfetante nas várias áreas do enoturismo. Por isso, se está com vontade de passar um fim de semana diferente, não hesite porque a experiência vale mesmo a pena.
O bom
O restaurante
O ótimo
Os vinhos e a originalidade dos Wine Barrels
O mau
O gosto duvidoso da cama redonda
Um ótimo desconfinamento para si, onde quer que esteja,
Ela
fotos: casal mistério e quinta da pacheca
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